Migrantes brasileiros e o Vale Germânico
Nasci em Blumenau em 8 de outubro de 1944. Fui concebido em
Florianópolis e meus pais, ele da ilha e minha mãe lagunense mudaram para o
Vale do Itajaí assim como centenas de brasileiros para “fazer a vida”.
Saí de Santa Catarina para fazer cursinho em São Paulo e
Engenharia em Minas Gerais. Minha vida ganhou um banho de brasilidade.
O que vi em minha terra natal agora me faz relembrar o
renascimento do fascismo e sua consolidação em terras estrangeiras. A Guerra
entre a Ucrânia e a Rússia é algo assustador.
Os aliados venceram as tropas reacionárias, racistas,
fanáticas por lideranças de extrema direita. Nesta semana a Humanidade terá
mais um aniversário da vitória, da rendição dos países nazifascista na Europa.
Sombriamente nações democráticas estrarão observando o pesadelo que o povo
ucraniano enfrenta.
O fanatismo, racismo, ódios tribais, étnicos, religiosos, o
Chauvinismo, o nazifascismo, conflitos étnicos etc. ganham a perversa lógica do
espaço vital e força em muitos países orientais, prenunciando massacres e mais
conflitos.
E Blumenau?
Minha querida cidade natal desenvolveu-se também graças a
inúmeros brasileiros e outros imigrantes que as conveniências turísticas,
espero que só isso, esquecem.
Getúlio Vargas soube demolir barreiras que dividiam o Brasil
em guetos e colônias isoladas.
Repartições públicas, entre elas a SUCAM, onde meus sogros
trabalharam e que levaram minha mineira para lá mobilizaram gente nascida no
Brasil.
Moramos, meus pais, eu e minha irmã, na Travessa 4 de
fevereiro. Lá éramos parte de um grupo de brasileiros. Os adultos funcionários
do DER e da concessionária de energia elétrica; meu pai comerciante e técnico
eletricista e somando as redondezas a residência de um fiscal da Receita
Federal, estrada de ferro (eng. Ávila) cujo filho Vitorino era meu amigo de
todos os dias, mais outros que não saberia dizer em que trabalhavam eram um
bolsão de gente alviverde.
Rádio (PRC 4), hospitais, Centro de Saúde, 23 RI, Escolas e
até operários de fábricas sedentas por mão de obra fizeram de Blumenau um polo
multiétnico.
Tenho procurado estudos sobre esses brasileiros, está difícil
encontrar.
Agora a cidade tem a FURB, com muitos mestres e doutores
nascidos no Brasil. Seria fácil escrever a história dos brasileiros e outros
imigrantes.
Interesses turísticos, contudo, imperam.
Que pena!
João Carlos Cascaes
Curitiba, 6 de maio de 2022
jccascaes@gmail.com
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