sexta-feira, 6 de maio de 2022

Migrantes e o Vale do Itajaí

 


Migrantes brasileiros e o Vale Germânico

 

Nasci em Blumenau em 8 de outubro de 1944. Fui concebido em Florianópolis e meus pais, ele da ilha e minha mãe lagunense mudaram para o Vale do Itajaí assim como centenas de brasileiros para “fazer a vida”.

Saí de Santa Catarina para fazer cursinho em São Paulo e Engenharia em Minas Gerais. Minha vida ganhou um banho de brasilidade.

O que vi em minha terra natal agora me faz relembrar o renascimento do fascismo e sua consolidação em terras estrangeiras. A Guerra entre a Ucrânia e a Rússia é algo assustador.

Os aliados venceram as tropas reacionárias, racistas, fanáticas por lideranças de extrema direita. Nesta semana a Humanidade terá mais um aniversário da vitória, da rendição dos países nazifascista na Europa. Sombriamente nações democráticas estrarão observando o pesadelo que o povo ucraniano enfrenta.

O fanatismo, racismo, ódios tribais, étnicos, religiosos, o Chauvinismo, o nazifascismo, conflitos étnicos etc. ganham a perversa lógica do espaço vital e força em muitos países orientais, prenunciando massacres e mais conflitos.

E Blumenau?

Minha querida cidade natal desenvolveu-se também graças a inúmeros brasileiros e outros imigrantes que as conveniências turísticas, espero que só isso, esquecem.

Getúlio Vargas soube demolir barreiras que dividiam o Brasil em guetos e colônias isoladas.

Repartições públicas, entre elas a SUCAM, onde meus sogros trabalharam e que levaram minha mineira para lá mobilizaram gente nascida no Brasil.

Moramos, meus pais, eu e minha irmã, na Travessa 4 de fevereiro. Lá éramos parte de um grupo de brasileiros. Os adultos funcionários do DER e da concessionária de energia elétrica; meu pai comerciante e técnico eletricista e somando as redondezas a residência de um fiscal da Receita Federal, estrada de ferro (eng. Ávila) cujo filho Vitorino era meu amigo de todos os dias, mais outros que não saberia dizer em que trabalhavam eram um bolsão de gente alviverde.

Rádio (PRC 4), hospitais, Centro de Saúde, 23 RI, Escolas e até operários de fábricas sedentas por mão de obra fizeram de Blumenau um polo multiétnico.

Tenho procurado estudos sobre esses brasileiros, está difícil encontrar.

Agora a cidade tem a FURB, com muitos mestres e doutores nascidos no Brasil. Seria fácil escrever a história dos brasileiros e outros imigrantes.

Interesses turísticos, contudo, imperam.

Que pena!

 

João Carlos Cascaes

Curitiba, 6 de maio de 2022

jccascaes@gmail.com